A maldita febre da geração dos descartáveis

Por, Bruno Perin
A praticidade e a falta de tempo tomaram conta dos nossos dias. Qualquer coisa que aumente a velocidade é ótima: andar mais rápido, entregar as atividades, fazer mais em menos tempo, até exercícios. No entanto, algo me despertou a atenção nesses dias, e foi uma churrasqueira (sim, eu sou gaúcho e amo churrasco, mas não foi por esse lado). 
Eu ganhei uma de aniversário, e obviamente achei incrível o presente. Quando fui viajar, alguns dias atrás, meus amigos a usaram, e um combinou com o outro de limpá-la. Aquele que era o responsável por arrumar a churrasqueira acabou indo viajar depois, sem fazer a limpeza, e o outro acabou não fazendo porque não era sua responsabilidade. No final de semana, quando fui usar, ela estava imunda e, se ficasse mais tempo daquele jeito, poderia estragar e não ser mais usada.
O que mais me chamou atenção? Foi que, ao falar sobre o assunto, ficou nítido no meu amigo que “tanto faria”. Qualquer coisa, se realmente estragasse, jogava aquilo fora e logo comprava outra.
Então eu percebi o quanto isso está sendo levado para as relações humanas de hoje, principalmente por essa geração. É estranho, pois cada vez mais as pessoas, apesar de conectadas, se sentem solitárias, e também descartam as outras com uma facilidade absurda – quase como esses objetos.
Você começa a falar com alguém interessante. Em dois dias, caso a resposta não seja a esperada, tchau! Você iniciou uma amizade com alguém, está tudo bem, até que a pessoa não cumpriu com alguma expectativa. Tchau! E eu posso citar mais e mais exemplos, infelizmente.
A ideia de que você pode trocar qualquer coisa por algo novo, em vez de cuidar daquilo que já tem, virou uma péssima febre, moda, ou qualquer coisa que muitos estejam fazendo... Laços se constroem na dificuldade, histórias incríveis precisam de conflitos, grandes seres humanos se desenvolvem com adversidades, mais do que vitórias. Então, por que descartar?
Afinal, quando ganhei meu presente, foi pensando que tivesse ótimas experiências com ele, fazer ótimas comidas, errar algumas, reunir amigos e celebrar momentos maravilhosos e únicos. Eu quero essa nostalgia. Até a churrasqueira tem um nome agora (“Esquentadinha”) e vai passar o máximo de tempo possível comigo.
Das varias tendências do mundo, essa eu não vou seguir. Se quiser me chamar de velho ou antiquado, tudo bem, eu aceito sem problema nenhum. Mas ainda assim serei essa pessoa com várias pessoas especiais, laços fortes e histórias memoráveis, que prefere não descartar o que é bom. Me parece uma boa construir algo de valor.
Então, quando estiver em situações adversas, quebra de expectativas e decepções, procure avaliar se você está seguindo a moda do larga e procura algo novo, ou se você quer construir bons laços e experiências. Agora me deixe ir que está na hora de começar outro churrasco com a boa e futura velha Esquentadinha.
Fonte: Administradores.com

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